A perseguição religiosa a cristãos na Índia é uma das mais intensas e ignoradas pelas autoridades públicas do país. Um grupo de seguidores de Jesus Cristo estado de Jharkhand agora não sofre apenas com as represálias dos hindus extremistas, mas também da Polícia.
Há pouco mais de um mês, cristãos dessa região foram atacados por uma multidão de hindus, que os agrediram e torturaram seis deles. Agora, um dos cristãos que sofreram o ataque foi novamente ameaçado.
Na vila Hunter, no Distrito de Palamu, os hindus confrontaram o cristão Gunni Bhuiya semanas atrás, e o questionaram se ele ainda servia a Jesus. Diante da resposta positiva, os extremistas voltaram a agredi-lo e o ameaçaram de morte, de acordo com informações do Morning Star News.
“Eles disseram a Bhuiya que, como os cristãos ainda estão adorando a Cristo, mesmo depois de terem sido espancados, agora poderiam ser mortos”, disse o pastor Sanjay Kumar Ravi.
Sob intensa perseguição, os cristãos dessa região vivem com medo, pois junto às ameaças de morte, os hindus os boicotam economicamente, e pressionam a Polícia, que agora está ameaçando multá-los.
O argumento para a represália financeira é que os cristãos estão adorando a Jesus publicamente, o que a Polícia local entende como errado.
Segundo o pastor Ravi, a ameaça de multa começou quando um grupo de hindus convocou 25 cristãos de seis famílias para uma “reunião pública”, forçando-os a entrarem em veículos e irem a uma escola na região.
Os extremistas, liderados por Dilip Chandra, Ram Chandra Vanshi e Dil Narayan Yadav, aguardavam os fiéis com um grande número de hindus no local. “Cerca de 100 pessoas de três aldeias vizinhas estavam à espera, quando chegamos. Então começaram a nos dizer que estamos errando se continuarmos a orar a Jesus, que devemos seguir o hinduísmo e realizar a puja [rituais hindus] apenas aos ídolos”, contou o pastor.
O pastor e os demais cristãos se negaram a fazer o que os hindus estavam tentando impor, e ao contrário do que eles esperavam, o líder cristão passou a compartilhar o Evangelho com aquelas pessoas, dizendo que havia sido curado por Jesus há nove anos, e por isso havia se tornado seu seguidor.
“O testemunho do pastor enfureceu o público ainda mais. Então os extremistas começaram a espancar o pastor Ravi e outros cinco homens cristãos, enquanto gritavam que eles deveriam renunciar a Cristo ou então seriam mortos”, disse o pastor Akash Nandi.
Quando os cristãos se recusaram novamente a renunciar sua fé, os extremistas ficaram ainda mais furiosos e os ameaçaram de morte: “Eles gritavam uns com os outros para trazer querosene para que eles pudessem nos queimar”, relembrou o pastor Ravi
“Façam o que quiserem, não vamos deixar Cristo por nada”, diziam os cristãos, relatou Nandi, acrescentando que na sequência, os hindus amarraram mãos e pés de seis cristãos, penduraram-nos de cabeça para baixo e os espancaram.
Após meia hora, uma criança cristã que assistia seu pai, Naresh Ram, ser espancado, pediu aos extremistas que parassem de machucá-lo, mas a reação foi de completa indiferença: “Ele cruzou as mãos e pediu-lhes para parar de bater seu pai, no entanto, os extremistas o pegaram pelo colarinho e o jogaram de lado”, contou Ravi.
Depois do intenso espancamento, os hindus disseram que os cristãos deveriam deixar aquela aldeia, ou veriam suas casas serem destruídas e seriam queimados vivos. De acordo com os pastores, após conseguirem sair da escola, os cristãos fugiram na madrugada para a aldeia de Ramgarh, onde foram tratados por um médico local.
Depois de receberem atendimento médico, procuraram a Polícia de Ramgarh para relatar as agressões e ameaças de morte, porém os policiais se recusaram a registrar a ocorrência.
Alguns dias depois, eles chamaram os agressores à delegacia, e 50 hindus compareceram para se encontrarem com três líderes cristãos na área. A Polícia obrigou os cristãos a assinarem declarações de que se comprometiam a adorar a Jesus apenas em suas casas, e que se descumprissem essa medida, pagariam multa de 10 mil rúpias, o equivalente a aproximadamente R$ 490,00.
“Fomos forçados a assinar o documento, não tivemos outra escolha, pois já não outro lugar para ficarmos, exceto nessa aldeia”, disse Ravi. “Nós só podemos orar em nossas casas, com nossas respectivas famílias, os nossos movimentos são acompanhados de perto e os extremistas nos disseram para abandonar a Cristo, ameaçando nos espancar em todas as oportunidades que tivessem”, acrescentou.
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