PORQUE A GRAÇA DE DEUS SE MANIFESTOU TRAZENDO SALVAÇÃO A TODOS OS HOMENS. TITO 2-11

sábado, 23 de outubro de 2010



"Um livro deve ser um machado que despedaça o mar congelado que há dentro de nós"



Descobri o prazer da leitura lendo as Escrituras. Antes disso, não tinha muito apreço pelas letras. Lia apenas algumas literaturas esotéricas, tipo Paulo Coelho, para quem sabe descobrir algo da realidade que não estava em meu alcance de compreensão. E também gostava de literatura nacional, em especial o livro Arraia de Fogo (1955) de José Mauro de Vasconcelos, que li diversas vezes. No mais, gostava mesmo de ler o que teólogos chamam de "segundo livro de Deus" - a natureza.

Concordo com as palavras de Caio Fábio "a conversão traz o desejo de comer a vida e a história", pois foi exatamente o que aconteceu comigo. A partir das Escrituras e da experiência com o Cristo Vivo veio o desejo de conhecer a verdade. Aprendi que Deus não apenas revelou algo verdadeiro de si mesmo, mas também descortinou para nós a verdade de toda realidade.

Nesta jornada pessoal de leituras, descobri que alguns livros são como machados que despedaçam a frieza de nossos corações. Alguns livros são realmente impactantes e nos afetam profundamente, e outros parecem ser destinados a acumularem pó sobre nossas estantes. Estou em busca de livro-machados. Como um surfista em busca insaciável da onda perfeita, assim buscamos livros arrebatadores. Mario Quintana já dizia que "livros mudam pessoas e pessoas mudam o mundo". Consulte a história, leia a biografia dos grandes homens da humanidade, você verá a importância das idéias.

É uma pena que os evangélicos de nosso tempo tenham tão pouco prazer na leitura. Se nem a Bíblia lêem direito quanto o mais as demais coisas. Penso que a falsa dicotomia que estabelecem entre sagrado e secular, prejudica o enriquecimento da vida. Infelizmente, por falta de discernimento e maturidade, acabamos acreditando em pregadores super-espiritualistas que insistem em afirmar que a cultura ou é de Deus ou é do diabo, e que por isso, devemos consumir apenas as produções subculturais evangélicas, pois o resto é do mundo. Não é sem motivo que parecemos aos de fora tão rasos, previsíveis e superficiais. Não é sem razão que nosso discurso tenha tão pouca relevância para a cultura de hoje.

A verdade é que esse afastamento da vida e subsequente encastelamento em nossos guetos eclesiásticos, é o caminho mais rápido para o sal perder seu sabor e a luz perder seu brilho. Quando deixamos de nos assentar a mesa com os pecadores como Jesus fazia e passamos a imitar seu primo João Batista que foge do mundo indo ao deserto, perdemos também a chance de ministrar ao caído. Por que perdemos? Porque não estabelecendo contato com o mundo, deixamos de nos aprofundar nas questões importantes de nosso tempo, ou seja, além de abrimos mão do crescimento pessoal, passamos a não entender mais as pessoas que não são de nossa tribo. E se não as entendemos, como as alcançaremos com a Palavra da vida? Apresentamos Jesus como a resposta, mas sequer sabemos qual é a pergunta.

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