Richard Dawkins, eminente cientista versado em etologia[1] e autor de livros, descreve a pessoa que não crê na evolução da seguinte maneira: “Pode-se afirmar com a mais absoluta certeza que se você encontrar alguém que alega não acreditar na evolução, está diante de uma pessoa ignorante, tola ou doente mental – ou mesmo perversa, mas prefiro não considerar esta última hipótese”.[2]
Segundo uma pesquisa de opinião pública realizada pela CBS, essa descrição feita por Dawkins retrata a maioria dos cidadãos americanos. A pesquisa demonstra que “os americanos não acreditam que o ser humano originou-se a partir de um processo evolutivo [...] apenas 13% dos entrevistados declaram que Deus não teve qualquer participação [i.e., na criação]”, e “cerca de dois terços dos americanos querem que o criacionismo bíblico seja ensinado nas escolas junto com a evolução”.[3]
Em seu livro que se tornou um best-seller, intitulado The Blind Watchmaker [i.e., O Relojoeiro Cego], Dawkins argumenta que o universo existe sem nenhum projeto, ao declarar: “Eu desejo convencer o leitor de que por coincidência a perspectiva darwinista não só é verdade, mas que ela também é a única teoria conhecida que, em princípio, pode explicar o mistério de nossa existência”.[4] E o pior é que Dawkins acha que está absolutamente certo.
Outros que compartilham da mesma autoconfiança de Dawkins são os editores da revista ScienceWeek. Num editorial, eles achincalharam a perspectiva criacionista classificando-a como “blasfêmia”; acusaram os criacionistas de pensadores primitivos que “crêem que a terra é uma panqueca plana de alguns milhares de anos de idade, que se apóia nas costas de quatro elefantes gigantes”. Além disso, eles advertiram os Estados Unidos para que deixem os “beatos” fora do ensino público, porque “eles subvertem o ensino da ciência nas escolas públicas”.[5]
Ken Ham, um eminente porta-voz do criacionismo bíblico, fundador e presidente da organização Answers in Genesis [i.e., Respostas em Gênesis; sigla em inglês: AiG], foi ridicularizado e censurado recentemente pela imprensa secular por causa da construção do Museu da Criação, orçada em 25 milhões de dólares, situado em Petersburg (Estado do Kentucky), nas proximidades de Cincinatti (Estado de Ohio). O site da AiG na internet revela que o museu “proclamará ao mundo que a Bíblia é a autoridade suprema em todas as questões de fé e prática, bem como em todas as áreas a que se refere”.[6]
Andrew Kantor, colunista do jornal USA Today, chamou esse museu de “estorvo nacional” que utiliza “ciência fraudulenta para convencer pessoas ingênuas a acreditarem em tolices”.[7] O grande cisma que divide aqueles que crêem na criação e aqueles que não crêem já existe há séculos. Entretanto, os evolucionistas têm se tornado cada vez mais agressivos e mais determinados do que nunca a eliminar Deus daquilo que eles consideram ser o cenário originado a partir do Big Bang [i.e., a hipótese da “Grande Explosão Cósmica”].
A partir de quando surgiu essa grande mentira? No século VI a.C. já havia gregos que rejeitavam o conceito de um plano (ou propósito) inteligente evidenciado no universo. O biógrafo Desmond King-Hele escreveu que o grego Anaxímenes acreditava que a vida “originou-se na água, [...] surgiu espontaneamente num lodo primitivo”. King-Hele ainda escreveu que outro grego acreditava que o ser humano “desenvolveu-se a partir dos peixes num processo gradual”.[8] No primeiro século d.C., o apóstolo Paulo confrontou os cidadãos atenienses, inteligentes apesar de serem pagãos, com uma simples afirmação explicativa sobre a criação, referindo-se ao “Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe” (At 17.24).
Até mesmo na Europa cristã de meados do século XVIII, naturalistas como o botânico sueco Carolus Linnaeus [conhecido em língua portuguesa como Carlos Lineu) e o francês Georges de Buffon levantaram dúvidas sobre o conceito da Criação, sem, contudo, descartar a ação de Deus.
Houve vários evolucionistas precoces, embora na sua maioria desconhecidos, entre os quais se inclui Erasmus Darwin, o avô de Charles Darwin. Erasmus escreveu acerca da concepção evolucionista em seu livro intitulado Zoonomia. O cientista e filósofo francês Pierre de Maupertuis[9], escreveu extensivamente sobre mutação e o naturalista francês Jean Baptiste Lamarck concebeu uma teoria por ele denominada de “transformismo”[10] [também conhecida por Lamarckismo.] Entretanto, o livro On the Origin of Species [traduzido em português sob o título A Origem das Espécies] da autoria de Charles Darwin, publicado em 1859, denominado “o livro que chocou o mundo”, produziu a ampla aceitação da Teoria da Evolução.
Em termos simples, o livro A Origem das Espécies propõe que, na luta pela sobrevivência do mais apto, os seres jovens de uma espécie gradativamente desenvolvem variações adaptativas através de um processo de seleção natural. Essas variações seriam transmitidas geneticamente à próxima geração, promovendo, dessa forma, a evolução da espécie. Darwin também alega que todos os organismos que apresentam relação de parentesco descendem dos mesmos ancestrais.[11]
A primeira edição do livro se esgotou no mesmo dia em que chegou às prateleiras das livrarias. Todavia, a obra não solucionou a dúvida sobre a maneira pela qual o mundo realmente veio a existir. Então entrou em cena a Teoria do Big Bang. Segundo a agência espacial do governo dos Estados Unidos, a NASA (i.e., National Aeronautics and Space Administration), o Big Bang “é a teoria científica predominante acerca da origem do universo”. A NASA afirma o seguinte: “O universo foi criado em algum momento compreendido entre 10 e 20 bilhões de anos atrás, a partir de uma explosão cósmica que expeliu matéria em todas as direções”. Porém, o descritivo da NASA acrescenta enfaticamente esta ressalva: “Apesar da Teoria do Big Bang ser amplamente aceita, é provável que nunca venha a ser comprovada; por isso, restarão diversas perguntas difíceis para as quais não há resposta”.[12]
Outra explanação é descrita nos seguintes termos:
Acredita-se que nosso universo tenha surgido de algo infinitamente pequeno, infinitamente quente, infinitamente denso – uma singularidade. De onde isso veio? Não se sabe. Por que isso apareceu? Não se sabe. Após seu aspecto inicial, essa singularidade aumentou (o “Big Bang”), expandiu-se, resfriou-se, partindo de uma realidade tremendamente pequena, extremamente quente, para chegar ao tamanho e temperatura de nosso universo atual. O universo até hoje continua a se expandir e esfriar; além disso, nós estamos dentro dele.[13]
O evolucionista Richard Dawkins.
Hoje em dia, a crença nas teorias da Evolução e do Big Bang permeia o sistema educacional e qualquer pessoa que tenta mudar essa situação é levada aos tribunais [nos EUA]. Em outubro de 2004, o Conselho de Educação formado por diretores de escola do distrito de Dover, no Estado da Pensilvânia, decidiu, após uma votação por 6 a 3, incluir o ensino do “projeto inteligente” [i.e., design inteligente, a concepção de que o universo exibe um propósito inteligente para o qual foi criado] junto com o ensino do darwinismo no currículo de biologia para as turmas da nona série do ensino fundamental. Tal decisão, a primeira desse tipo nos EUA, provocou um rebuliço naquele pequeno distrito escolar rural situado 32 quilômetros ao sul da cidade de Harrisburg, capital do Estado, conforme esta notícia:
Os críticos interpretam a alteração no currículo de biologia para as turmas da nona série como uma tentativa velada de obrigar os alunos de escolas públicas a aprenderem o criacionismo, uma perspectiva baseada na Bíblia que atribui a origem das espécies a Deus. As escolas normalmente ensinam a evolução, a saber, a teoria de que a Terra existe há bilhões de anos e que as formas de vida nela existentes se desenvolveram durante milhões de anos.[14]
Dos três membros do Conselho que votaram contra aquela medida, dois imediatamente renunciaram ao cargo. Eles se utilizaram da decisão tomada pela Suprema Corte dos Estados Unidos no ano de 1987, para alegar que aquele mesmo decreto de inconstitucionalidade do ensino do criacionismo no Estado da Louisiana também se aplicava ao Estado da Pensilvânia.
Enquanto isso, um tribunal federal em Atlanta, Estado da Geórgia, condenou os líderes da Comarca de Cobb por aprovarem a colocação de um adesivo na contracapa dos livros didáticos de biologia, o qual fazia a ressalva de que a evolução é uma teoria, não um fato. O juiz reconheceu que o adesivo não fazia nenhuma referência a Deus ou à religião, todavia escreveu o seguinte:
O adesivo ofereceria ocasião para o avanço do ponto de vista religioso de cristãos fundamentalistas e criacionistas, os quais tinham voz ativa no processo de escolha do livro didático a ser adotado e influenciariam tal escolha segundo sua crença de que a evolução é uma teoria, não um fato.[15]
Com o gigantesco acelerador de partículas do CERN, recentemente colocado em operação, pretende-se descobrir o que ocorreu imediatamente após o suposto “Big Bang”, para entender a origem do universo.
A concepção evolucionista se enraizou com tanta profundidade no ensino público, que muitos habitantes da Geórgia chegaram a temer que seu Estado viesse a “agir como um bando de caipiras grosseiros”, permitindo qualquer coisa que insinuasse a possibilidade de tal teoria estar equivocada.
Ken Ham acredita que a mídia secular tenha interpretado maliciosamente a reeleição do presidente George W. Bush, para dar a entender que nos Estados Unidos há mais pessoas que crêem na criação do que na evolução, uma vez que a maioria votou no partido conservador. Segundo Ken Ham, os conflitos entre criação e evolução prosseguem em mais de vinte Estados do país e “muitos americanos finalmente acordaram para o fato de que os humanistas seculares se apoderaram da civilização”.[16]
Portanto, a batalha pela verdade continua. De um lado, encontram-se os evolucionistas, tais como Richard Dawkins, que riem sarcasticamente do registro de Gênesis e tratam os criacionistas como tolos que rejeitam a ciência com o intuito de empurrar o mundo de volta para a “Idade das Trevas” [i.e., a Idade Média]. Do outro lado estão os criacionistas que crêem no que Deus revelou por intermédio de Moisés e em Jesus: “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1).
É uma batalha entre a cegueira espiritual e a luz. Infelizmente, muitas pessoas não conseguem discernir os opostos nesse conflito, pois “...o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1 Co 2.14).
Assim, a luta está fadada a se tornar mais ferrenha.
adeildo santos.
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