- Éramos mais de cem homens, cristãos e muçulmanos, prontos para defender a igreja de Santa Maria Ardel Sherka, localizada em nosso bairro. Tudo o que tínhamos eram pedras, pedaços de paus. Alguns carregavam facas – relatou o engenheiro agrônomo Mohamed, que é muçulmano, e se juntou à multidão para defender a igreja local.
- No início éramos na maioria cristãos, mas aos poucos foram chegando mais muçulmanos para nos ajudar. Disseram que a destruição de igrejas era um atentado contra todos os egípcios e que era dever dos muçulmanos defender seus irmãos coptas – completou o cristão copta Fadi, de 25 anos.
- No início, os dois grupos ficaram trocando gritos e intimidações. Mas logo as brigas começaram, com pedras sendo atiradas. Eu fui atingido no braço por uma pedra, mas sem gravidade. Mas vi um homem levar uma pedrada na cabeça e cair ao chão com o rosto cheio de sangue – contou Fadi, que é estudante de direito.
Além de proteger o templo cristão, a união gerou uma inusitada amizade, no cenário de confronto religioso vivido pelo Egito. A ação motivou o início de uma amizade entre Fadi e Mahmoud, um muçulmano de 27 que trabalha na pequena padaria do pai.
- Fadi ajudou um amigo meu que havia levado uma pedrada. Prometi que voltaria nos dias seguintes para ajudar um grupo a fazer vigília para defender a igreja. Foi aí que ficamos amigos – explicou Mahmoud.
De acordo com a revista Veja, ações conjuntas entre religiosos cristãos e muçulmanos não se limitaram apenas à capital. Cristãos e muçulmanos também se uniram para apagar incêndios em igrejas ou conter ataques em outras cidades como Minya, Suez, Fayoum, Assiut e Alexandria.
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